DE VOLTA PARA VOCÊ

Era seu e lembrei de você ao longe Constanza com a alma esfarrapada. Apenas fragmentos é o que resta dela. Que eu não quero lembrar de você, não mais. Entre bebidas espirituosas perdi meu espírito, mas antes perdi você.

Nem o café tem cheiro, e sem a boca não tem gosto. Como uma lágrima amarga cansada de caminhar, assim também a tarde me deixou. Tenho algo emaranhado em minha alma e não sei o que é. Já sem coração e sem sua sombra. E ontem resolvi beber seus últimos amores.

Quem tem medo perde, eu já havia perdido sem medo. O que aconteceu com você naquela noite em que a aurora não amanheceu. A noite foi longa, como um remorso. O dia sem esperanças e sem horas. A canção de desespero foi transmitida no rádio implacavelmente.

Diga-me, tão suavemente, o que aconteceu com você. Não me lembro mais do passado, apenas do futuro. Beijos sem dar, abraços em projetos, mãos cada vez mais distantes. Eu me ouvi, inadvertidamente, me despedindo. Acho que disse em italiano, para depois negar.

Eu me voltava para você quando acordava todas as manhãs procurando ouvir o canto dos pássaros em seus cabelos, sentir o frescor da água escorrendo pelo seu corpo, sentir o perfume de suas emoções, sentir seu calor entre os lençóis limpos, saboreie o café entre os lábios; ligando assim os pequenos prazeres de vocês para ir tecendo nossa existência de amor como a abelha liga a única flor.

O blues já queria parar de tocar quando te peguei pela mão e saímos pra dançar. Acho que naquela noite acordamos nas margens do Mississippi, ou foram quatro noites seguidas até ficarmos bêbados até os ossos. Minha alma caiu entre tanto rum e eu a perdi. Mas não importava porque eu peguei você e voltei para você.

Deja un comentario